sábado, 6 de dezembro de 2008

Água começa a baixar em Campos

O Rio Muriaé baixou de 80cm de quinta-feira para ontem e foi liberada para tráfego de caminhões
O nível da Lagoa de Cima e do Rio Ururaí, em Campos, baixaram quase um metro de quinta-feira para ontem, mas o retorno de moradores para suas casas ainda deve demorar. A ponte sobre o Rio na BR-101 foi liberada ontem para o tráfego de caminhões. Já a RJ-138, Estrada dos Ceramistas, rota alternativa utilizada pelos caminhoneiros durante o período de interdição da rodovia federal, está interditada, embora o nível da água já deixe transparecer o asfalto, deteriorado com a cheia. Com a publicação ontem no Diário Oficial do decreto assinado pelo governo do Estado, foi homologada a situação de emergência declarada pela Prefeitura de Campos. No começo da noite de ontem, a Defesa Civil no município contabilizava 2.181 pessoas desabrigadas e cerca de 15.022 desalojados. O número de alojamentos montados para as famílias retiradas das casas alagadas passou para 41 desde a última quinta-feira, quando 50 famílias ficaram desalojadas em Ponta Grossa do Fidalgos, na Baixada Campista, por causa do transbordamento da Lagoa Feia.“Precisamos de ajuda para organizar a situação nos abrigos.É necessária a participação da Secretaria Municipal de Promoção Social local nos dando suporte. Sem este apoio, fica difícil até para as equipes médicas e da Defesa Civil trabalharem”, alertou o secretário de Estado de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, que, na última quinta-feira, acompanhado da equipe médica do Corpo de Bombeiros e técnicos da Vigilância em Saúde da secretaria, fez uma visita a um abrigo em um Ciep, na localidade de Parque Aurora, para ver de perto a assistência aos desalojados. O superintendente de Vigilância em Saúde, Victor Berbara, confirmou a existência de três casos suspeitos de leptospirose – dois deles de moradores que tiveram contato com águas da enchente. “Há sempre risco de epidemias de doenças como dengue, hepatite A e leptospirose. Estamos trabalhando para impedir que isso aconteça, e, se necessário, traremos profissionais de fora”.
Desalojados ainda sem previsão de voltar para casa
De acordo com o comandante adjunto da Defesa Civil em Campos, capitão Edson Pessanha, ainda que as águas baixem totalmente nos próximos dias, as famílias permanecerão em abrigos até que a Defesa Civil faça uma vistoria. Segundo ele, é preciso que as pessoas com casas alagadas observem o aparecimento de rachaduras que não existiam antes e entrem em contato com o órgão. “Se for verificada a impossibilidade de se manter as famílias nas casas, entraremos em contato com a Promoção Social e com a Habitação”.
Posições divergentes sobre efeito prático da implosão de diques na Lagoa Feia
Eduardo Crespo, da Asflucan, viu pouco efeito prático na implosão
Segundo a Defesa Civil, ontem o nível do Rio Ururaí baixou 80 centímetros graças à implosão do dique que protegia a área de influência da Lagoa Feia na localidade de Ponta Grossa dos Fidalgos, na Baixada Campista. “A tendência é que comece a baixar o nível da água em Ponta Grossa, como em Ururaí. O Ururaí de um dia para outro baixou 80 centímetros”, informou o comandante adjunto da Defesa Civil, capitão Edson Pessanha.Para ele, outros diques precisam ser implodidos para amenizar os problemas causados pela enchente. No entanto, produtores rurais acreditam que a solução seria outra: a limpeza do Canal das Flechas, o que faria com que a água da Lagoa Feia escoasse mais rápido em Barra do Furado. “A implosão, não provocou nada. O nível de escoamento continua o mesmo. O que é que as chuvas pararam. A implosão só aumentou o nível da água em Ponta Grossa e desabrigou mais pessoas. Além disso, não precisava ter gastado tanto para implodir um dique que já indicava que estouraria naturalmente, como na última enchente”, criticou o presidente da Associação dos Plantadores de Cana (Asflucan), Eduardo Crespo.


Acesso é difícil a pequenas comunidcades na região de Lagoa de Cima
Em localidades de Lagoa de Cima, se locomover, apenas de barco
Nos lugarejos de Morro Grande e Margarida, a cinco quilômetros da Lagoa de Cima, a água que transbordou da lagoa já baixou cerca de um metro, segundo os moradores. Mas o acesso às localidades pela estrada Tapera-Lagoa ainda só de barco. “A água baixou bastante. O ônibus não passava naquele trecho ali mais pra frente e hoje até carro pequeno passa. Mas, daqui a frente só de barco. A Defesa Civil não disponibilizou nenhum barco pra gente fazer esta travessia. São os pescadores daqui na região mesmo que estão ajudando uns aos outros. Doação não chegou pra gente. Desceram lá no morro, mas aqui para Morro Grande e Margarida não chegou nada”, conta a diarista Rosemere Alves Pessanha moradora em Margarida. Na localidade de Ururaí já é visível o recuo das águas. As marcas ficaram nas paredes, mas por enquanto os desabrigados e desalojados deverão permanecer em abrigos. Em Ponta Grossa dos Fidalgos, 38 famílias estão com as casas inundadas e ocupam uma escola e a colônia de pescadores do lugarejo.


Ponte de Ururaí, na BR-101, é liberada, mas Estrada dos Ceramistas é interditada
Estado crítico da Estrada dos Ceramistas depois do alagamento
Ontem, após análise das condições estruturais da ponte sobre o Rio Ururaí — prolongamento da BR-101 —, a concessionária Autopista Fluminense liberou o tráfego de caminhões interrompido desde o último sábado. A medida foi tomada por precaução. A Estrada dos Ceramistas permaneceu fechada durante todo o dia de ontem. A água que cobre a rodovia já começou a recuar e deixa amostra os estragos causado no pavimento. Segundo o gerente de Infra-Estrutura da prefeitura de Campos, Sérgio Mansur, “a ponte foi liberada, mas as análises referentes às condições da sua estrutura continuam e, se necessário, haverá nova interdição”, disse em entrevista ao site do Governo Municipal. Para a próxima semana, de acordo com previsão meteorológica, está prevista chuva de 50 mm no município.
Jornal O Diário

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